O Grande Caçador e seus cães

Hoje vou falar um pouco sobre algumas das constelações mais facilmente observadas no céu. São três constelações típicas na verdade dos céus do nosso verão, mas ainda estão visíveis neste comecinho de outono: Orion, Canis Major (pronuncia-se “máior”) e Canis Minor.

Quando digo que estas constelações são típicas do verão, é porque durante esta estação do ano elas estão bem altas no céu. Orion, na verdade, é a constelação-símbolo do verão. Não lembro se já comentei aqui, mas as constelações-símbolo são: Leo (Leão, no outono), Scorpius (Escorpião, no inverno), Pegasus (o Cavalo Alado, na primavera) e Orion (o Grande Caçador, no verão).

Bem, mas voltando a falar sobre o que podemos encontrar no céu no começo da noite pelos próximos dias, a grande vantagem das três constelações que quero mostrar hoje é que suas estrelas principais são bastante brilhantes e, por isso, se destacam bastante no céu.

Primeiramente, vejam a imagem abaixo, uma simulação do céu criada com o software Stellarium. Isso é o que vamos ver se olharmos na direção do Oeste, onde o Sol se pôs. Contando com a absurda poluição luminosa que temos em nossas cidades, eu incluí poucas estrelas no céu, de modo que a imagem represente mais ou menos o que ainda é visível a olho nu no centro de uma cidade grande. A base da imagem está bem pertinho do horizonte, enquanto que o topo da imagem está um pouco abaixo do zênite, o ponto mais alto do céu. (Em todas as imagens, clique para ampliar.)

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Logo de cara na imagem, observamos dois pontos bem brilhantes, um bem lá embaixo, e outro bem lá em cima, certo? O ponto lá embaixo é o planeta Júpiter. Logo, ele será ofuscado pelo brilho do Sol, de modo que estamos nas últimas semanas para observá-lo. Depois, vamos ter que esperar alguns meses se quisermos ver o planeta gigante novamente. O ponto brilhante que está lá no alto da imagem é a estrela Sirius. Essa estrela não tem como ser confundida com nenhuma outra. É a estrela mais brilhante do céu noturno, sempre vai ser a que mais se destaca.

Nessa imagem, entre Júpiter e Sirius, há uma figura que se destaca claramente, também formada por estrelas brilhantes: um quadrilátero com três estrelinhas em seu interior. Essas três estrelinhas, conhecidas de muitos, são as Três Marias, e o quadrilátero que as cerca é a parte principal da constelação de Orion.

Muito bem, vamos ver a imagem abaixo, dando nome aos bois, digo, aos astros. Circulei também as Três Marias e a parte principal de Orion, além de marcar mais quatro estrelas que são importantes. Betelgeuse é a estrela mais importante de Orion, a Alfa-Orionis, apesar de Riegel ser a mais brilhante.

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A representação de Orion fica da seguinte forma: Betelgeuse e Bellatrix são os ombros do caçador. Riegel e Saiph são os joelhos (pés, em algumas representações). As Três Marias são o cinto dele e aquele pequeno tracinho próximo a elas forma uma linha de três estrelinhas representando sua espada. Essa linha de estrelas não ficou visível na foto, mas se o céu estiver limpo é visível a olho nu, e um detalhe interessante é que junto à estrela do meio, temos uma das regiões mais interessantes do céu, a Nebulosa de Orion,onde há uma alta taxa de formação estelar (uma vista espetacular, mesmo com um binóculo simples).

A outra estrela importante dessa imagem, como mencionei acima, é Sirius. Independentemente da imagem, o melhor jeito para localizarmos Sirius é nos lembrarmos de que as Três Marias apontam diretamente para ela (confiram na imagem). Sirius representa o coração do Canis Major, o cão maior. Numa noite um pouquinho melhor, podemos observar o desenho do cão maior, como imaginado pelos antigos. Vejam a imagem abaixo. Notem o corpo do cão, sua cabeça e o alinhamento entre Sirius e as Três Marias. OK, eu sei o que vocês estão pensando e concordo: haja imaginação!

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Por fim, temos uma terceira estrela marcante nesta região do céu, Procyon. Ela aparece em todas as imagens que coloquei acima formando um triângulo praticamente equilátero com Sirius e Betelgeuse. Esse triângulo é o chamado Triângulo do Verão (inverno, no hemisfério norte), e serve de referência para localizarmos as constelações dessa região da esfera celeste. Procyon é a estrela mais brilhante de Canis Minor, o cão menor.

A imagem abaixo faz um “resumão” de tudo que mostrei aqui. Acrescentei ainda outras três estrelas que não foram mencionadas: Aldebaran, que fica em Taurus (o touro), e a dupla Pollux e Castor, que ficam em Gemini (os gêmeos).

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O céu com estas constelações é simplesmente lindo. Agora só nos resta torcer para o céu abrir, a fim de observarmos tudo isso.

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